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| O poeta disse ... |
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Sobre
a tarde evanescente, com o sol ainda alto, na caminhada habitual, detenho-me no
caramanchão semicircular, onde baloiçam soltos roseirais, carregados de frescas
flores que, de véspera, eram botões estimulados a abrir pela orvalhada.
Na ladeira, de mato rasteiro e uns quantos pinheiros
sussurantes, rufam, incansáveis, os grilos, às centenas, ébrios do perfume do
rosmaninho e do sossego do reino, que os melros não perturbam, nem os pardais
inquietam.
Para além do casario fronteiro e do risco do asfalto
das rotundas distribuidoras do tráfego intenso, é um grande e aprazível trecho
da cidade, com voluntas de fumo branco a assinalar queimadas de ervas daninhas.
Aqui, no arruamento largo e firme como avenida moderna,
enquanto chegam automóveis de quem regressa do trabalho, circulam ciclistas de
palmo e meio, vigiados discreta, mas atentamente, pelas mamãs ocupadas com a
relva e as plantas ornamentais de acesso às vivendas, seus amores-perfeitos e
outras flores primaveris...
A essa hora, nem os pardais da D.Laura se afoitam, como
pela manhã, à trinca dos pequenos almoços, enquanto o Casal anfitrião, numa
escudela, proporciona a todos os pássaros a mistura de mimos culinários, ou
madruga a regar as plantas e a horta do seu éden plural de hortaliças e árvores
de fruto.
Depois de um dia de intenso trabalho, sobre a
construção do último dos blocos: o do fecho das habitações , e outras
finalidades - seis andares para vivendas, com três caves.
... E os grilos, no seu aparelho estrídulo, continuam a
intérmina rapsódia... as gruas a elevar os materiais necessários ao fecho do
edifício da Villa Sol... os melros a assobiar à beira dos ninhos... e a
criançada, a recolher aos lares para, depois, na caminha, sonhar com brinquedos
e anjos em revoada... até ao beijo dos pais, despertador de todos as manhãs...
Dr. António Maria Cardoso in "A Voz de Trás-os-Montes - 11/05/2006
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